Carnaval também pode ser sustentável

Produção de peças a partir de resíduos e venda de itens biodegradáveis estão entre as medidas que contribuem para a redução do impacto ambiental

Publicado em 26/02/2025 às 15:27 | Atualizado em 26/02/2025 às 15:52
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Brilho, fantasias, adereços e decorações compõem o visual vibrante do Carnaval pernambucano.

No entanto, a festa também gera toneladas de resíduos antes mesmo da Quarta-Feira de Cinzas.

Para reduzir esse impacto ambiental, algumas empreendedoras do estado vêm apostando em soluções sustentáveis e inovadoras.

Uma delas é Naiara Cândido, fundadora da Contém Glitter, referência quando o assunto é brilho na folia.

Há oito anos no mercado, ela enfrentou um grande desafio: o glitter tradicional é composto, em sua maioria, por microplásticos, altamente poluentes.

Para mudar essa realidade, Naiara investiu em uma alternativa biodegradável, que, apesar de ecologicamente correta, pode custar até 22 vezes mais que a versão convencional.

Divulgação

Contém Glitter, referência quando o assunto é brilho na folia - Divulgação

"Em 2017, viajei à China para conhecer a indústria de glitter e buscar uma opção sustentável. Na época, os fabricantes achavam isso uma loucura, mas para mim era essencial. Acredito que essa transição vai acontecer, ainda que hoje seja financeiramente inviável para muitos", explica a empreendedora.

Apesar do custo elevado, a marca segue incentivando a migração para a versão sustentável. Enquanto um colar com glitter tradicional sai por R$ 18, o bioglitter custa R$ 29.

"O lucro é menor, mas essa é a essência da nossa marca", enfatiza Naiara.

Outra iniciativa que une criatividade e sustentabilidade é a Acessórios Ramifica, da designer e artesã Patrícia Emília de Freitas. Suas peças autorais para o Carnaval – como brincos, ombreiras, golas e tiaras – são produzidas com materiais reaproveitados, sem desperdício.

Anderson George

Mulher usando peças inspiradas no Homem da Meia-Noite - Anderson George

A coleção deste ano traz acessórios inspirados em ícones do Carnaval pernambucano, como o Homem da Meia-Noite, os blocos Amantes de Glória e Eu Acho é Pouco.

"O Carnaval ainda utiliza muita matéria-prima da indústria convencional, mas buscamos reduzir o impacto. Aproveitamos tudo o que compramos. Já fiz brincos com rolos de embalagem de papel-laminado e peças com sobras de tecido", conta Patrícia.

Um dos diferenciais da marca é o uso do rami, uma fibra vegetal de alta qualidade e fabricação nacional.

Patrícia Emília

Adereço de cabeça - Patrícia Emília

"O rami deu nome à empresa e à minha identidade como criadora. Ele tem desperdício zero – qualquer pedacinho de fio é aproveitado", destaca a designer.

"Sustentabilidade não é só a escolha da matéria-prima, mas também a capacidade de manter um negócio autossustentável, com peças autorais, modernas e atemporais."

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