PF cumpre mandados em nova operação que apura suposta corrupção na prefeitura de Ouricuri
Operação Ipuçaba II investiga organização supostamente envolvida com desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro

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A Polícia Federal em Pernambuco deflagrou, na manhã desta quarta-feira (8), a segunda fase da Operação Ipuçaba, que dá continuidade às investigações de supostas práticas de corrupção na prefeitura de Ouricuri, no Sertão do estado. A primeira fase da ação ocorreu em dezembro de 2022.
Comandada pela delegacia de Salgueiro, a operação desta quarta-feira aprofunda as investigações sobre uma organização criminosa que estaria envolvida em crimes como desvio de recursos públicos, fraudes em licitações e lavagem de dinheiro.
Foto da operação Ipuçaba II, da Polícia Federal - Divulgação/Polícia Federal
De acordo com a PF, foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão nas cidades de Ouricuri, Santa Filomena, Dormentes e Salgueiro, além de Ilhéus, na Bahia, e São Luís, no Maranhão.
O Juízo da 27ª Vara da Justiça Federal de Ouricuri também determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal dos investigados, além do sequestro de bens e valores.
Primeira fase ocorreu em 2022
A primeira fase da Operação Ipuçaba foi deflagrada em 2 de dezembro de 2022, juntamente com as operações Circus e Pergaminho. Os alvos eram suspeitos de envolvimento no desvio de recursos públicos federais destinados à prefeitura de Ouricuri.
As verbas supostamente desviadas seriam destinadas ao custeio de serviços de transporte escolar e locação de veículos para servir à Secretaria de Saúde do município.
Na ocasião, foram cumpridos mandados de prisão preventiva, busca e apreensão contra agentes públicos e empresários. A ação contou com a participação da Controladoria-Geral da União (CGU).
De acordo com as investigações, análises feitas em processos licitatórios do município apontaram indícios de direcionamento, restrição à competitividade, detalhamento insuficiente do objeto e prejuízo à transparência.
Os auditores verificaram que empresas de um mesmo grupo vinham se revezando na prestação dos serviços de transporte de alunos e locação de veículos e máquinas pesadas.
Também foram observadas possíveis irregularidades na execução dos contratos com ambos os grupos, cujos valores entre 2012 e 2021 superaram R$ 70 milhões.
A Polícia Federal também identificou indícios de pagamentos de vantagens indevidas a agentes públicos.
Na época, o prefeito de Ouricuri, Ricardo Ramos (PSDB), afirmou que acreditava na inocência dos investigados e se colocou à disposição para contribuir com as investigações.
"O prefeito Ricardo Ramos informa que não é investigado. Mesmo assim, recebeu com perplexidade a operação policial, pois todos os contratos administrativos celebrados pelo Município de Ouricuri sempre foram norteados pela estrita legalidade, moralidade e transparência. O prefeito registra que confia plenamente na inocência das pessoas investigadas as quais induvidosamente comprovarão que nada de errado praticaram", escreveu em dezembro de 2022.
A reportagem tentou contato com a prefeitura de Ouricuri nesta quarta-feira, mas não obteve sucesso até a publicação desta reportagem. O prefeito Ricardo Ramos (PSDB) publicou nas redes sociais que está cumprindo agendas em Brasília, e até o momento não comentou a nova etapa da operação.