riscos de alagamento

Período de chuvas preocupa comunidade sem sistema de macrodrenagem no Grande Recife

Segundo moradores, Comunidade da Borborema não foi devidamente contemplada pelo projeto Promorar Recife, que destinou mais de R$1bi a urbanização de periferias

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Thales Alencar

Publicado em 28/05/2024 às 18:03
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Há exatos dois anos, o Recife enfrentava um dilúvio que resultou em diversos alagamentos e deslizamentos de encostas.

As fortes chuvas entre 28 e 31 de maio de 2022, deixaram 140 mortos, 122 mil desalojados, 68 mil casas danificadas e 3 mil completamente destruídas, segundo dados do Sistema Integrado de Informações a Desastres (S2iD) do Ministério de Integração e Desenvolvimento Regional.

Em compensação, o pro bono — desses que só vem mediante desastres— foi a criação do Promorar Recife. O programa destinado a, entre inúmeros objetivos urbanísticos, prevenir reveses nos períodos de chuva, não solucionou essa questão na Comunidade da Borborema, localizada na divisa entre Recife e Jaboatão.

Segundo divulgação da prefeitura, para concretizar o Promorar, o Recife teve o maior ciclo de investimento de sua história, com aporte de R$1,3 bilhão.

A verba advém de um empréstimo em parceria com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento, aprovado em abril de 2023 pelo Plenário da Câmara dos Deputados.

A queixa dos moradores é de que esse alto orçamento não respingou devidamente para a Borborema.

"Um bilhão e trezentos mil é dinheiro demais. Não precisávamos estar passando por esses problemas de saneamento e pavimentação", afirma José Ricardo Pessoa, presidente da Associação dos moradores da Borborema.

Thales Alencar

José Ricardo Pessoa e Inaldo Souza com bote usado por moradores durante os alagamentos na Comunidade da Borborema. - Thales Alencar

São inúmeros os relatos de problemas ocasionados por alagamentos na região, muitos deles registrados em fotos e vídeos pelos próprios moradores.

São vários também os documentos que comprovam os clamores da população ao poder público, tanto de Jaboatão, quanto do Recife.

Dentre os registros, há um atestado de óbito de uma moradora falecida em março deste ano e, entre as causas da morte, consta: Síndrome de Heil, mais conhecida como leptospirose.

Além dessa, outra pessoa na comunidade morreu pela mesma causa no mês de abril, de acordo com os moradores.

Inaldo Souza, residente do local há 30 anos e militante da comunidade, comenta que muitos já perderam a esperança na melhora, mas que ele segue na contramão desse pessimismo.

Inaldo é um dos organizadores de um movimento que transmite informações via Whatsapp sobre todas as ações executadas nos âmbitos legislativo, executivo e judiciário no local.

“Acreditamos que o movimento social precisa acontecer para chamar a atenção do poder público. Temos processos no Ministério Público e ações judiciais nas câmaras e prefeituras de Jaboatão e Recife. Não é possível que nossos gestores digam que não sabem os problemas que têm na nossa comunidade. Nosso trabalho é esse, mostrar o problema para que eles não venham dizer que não o conheciam”, afirmou ele.

A comunidade fica entre as bacias e os canais anexos aos rios Jordão e Tejipió. Este último, no Componente 2 do Promorar, é colocado como prioridade para receber um processo de macrodrenagem, justamente o que falta na Borborema.

Ao NE1, a Emlurb afirmou que foi feita uma limpeza do Canal da Borborema em abril, mas que o sistema de macrodrenagem está muito obstruído devido às ocupações irregulares nas margens.

Vale ressaltar a proximidade do período de inverno, que geralmente é marcado por fortes chuvas em Pernambuco.

A situação atual da Comunidade da Borborema, abre margens para alagamentos ainda mais sérios, agravando prejuízos aos moradores e a proliferação de doenças como dengue, esquistossomose e leptospirose.

“A matéria apresentada neste portal tem caráter informativo e não deve ser considerada como aconselhamento médico. Para obter informações fornecidas sobre qualquer condição médica, tratamento ou preocupação de saúde, é essencial consultar um médico especializado.”

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