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PM mata idoso com tiro; câmera corporal flagra o momento chocante

Idoso foi morto pela Polícia Militar de SP. Homem não tinha vínculo com operação executada

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Cynara Maíra

Publicado em 30/05/2024 às 7:00
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Imagens de câmeras corporais registraram o momento em que um policial militar disparou e matou Clóvis Marcondes de Souza, de 70 anos, enquanto ele se dirigia a uma farmácia.

O incidente ocorreu no dia 7 de maio, no bairro Tatuapé, Zona Leste de São Paulo.

Quatro policiais militares da Força Tática participaram da ocorrência, mas o disparo em questão foi feito pelo sargento Roberto Marcio de Oliveira.

O tiro atingiu a cabeça de Clóvis enquanto ele caminhava pela calçada. O idoso não tinha relação com a operação, que visava dois suspeitos em uma moto.

Inicialmente, a PM alegou que o disparo foi acidental e não registrou a ocorrência. No entanto, as imagens das câmeras corporais, obtidas pelo G1, mostram outra situação.

ENTENDA OS FATOS

Nas imagens obtidas pelo G1, é possível ver a sequência, sem som, em que às:

  • 16h10: O sargento saca a arma e atira de dentro da viatura em direção aos suspeitos.
  • 16h11: Policiais descem da viatura e revistam os homens.
  • 16h12: PMs percebem que o idoso está caído no chão, ferido por disparos.
  • 16h19: Primeira equipe do Corpo de Bombeiros chega para socorrer a vítima.
  • 16h22: Idoso recebe massagem cardíaca.
  • 16h32: Duas viaturas de resgate do Corpo de Bombeiros chegam ao local.
  • 16h34: Bombeiros interrompem a massagem cardíaca e usam o desfibrilador.
  • 16h37: Óbito é constatado e o corpo é coberto por uma manta térmica.

RESPOSTA DAS AUTORIDADES

Quando questionada sobre a falta de áudio nos vídeos e o Procedimento Operacional Padrão, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) não se manifestou.

Em nota, a Polícia Militar informou que todas as circunstâncias estão sendo investigadas por meio de Inquérito Policial Militar (IPM).

O policial envolvido permanece detido no presídio militar Romão Gomes. Um inquérito policial também está em andamento pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), com acompanhamento do Ministério Público.

Transferência para a Justiça comum

A Justiça Militar aceitou o pedido do Ministério Público e transferiu o caso para a Justiça comum. O juiz Ronaldo João Roth considerou que houve dolo eventual na ação do sargento Roberto Marcio de Oliveira, que resultou na morte do idoso.

Roth mencionou falhas nos procedimentos operacionais e destacou o “método Giraldi”, que orienta a não manusear armas dentro da viatura.

“Fica evidente que a arma disparou porque o investigado acionou o gatilho de forma precipitada e desastrada, colocando em risco terceiros inocentes, o que resultou na morte da vítima”, concluiu o juiz.

Segundo André Pereira, presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (ADPESP), a ação da Polícia Militar atrasou o julgamento e toda a situação poderia ter sido evitada.

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