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Instituto prevê que mais de 20 mil homicídios não foram registrados entre 2019 e 2022

Estudo revela que Brasil deixou de registrar 24,1 mil homicídios entre 2019 e 2022, apontando discrepâncias nos dados oficiais de violência.

Publicado em 22/06/2024 às 7:00
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De acordo com o Atlas da Violência 2024, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil pode não ter registrado 24,1 mil homicídios entre 2019 e 2022.

Esse número representa 11,3% do total de homicídios estimados no período.

O estudo indica que ocorreram aproximadamente 213,7 mil assassinatos nesse intervalo, mas apenas 189,6 mil foram oficialmente registrados.

Em 2022, por exemplo, estima-se que 5.982 homicídios não foram contabilizados, o que equivale a 11,4% do total estimado de 52.391 homicídios.

METODOLOGIA DE ESTIMATIVA

As estimativas são baseadas em um modelo desenvolvido pelos pesquisadores do Ipea Daniel Cerqueira e Gabriel Lins, que utiliza padrões probabilísticos para analisar os eventos.

Segundo Cerqueira, em muitos casos de mortes violentas, a motivação não é determinada no laudo cadavérico, resultando em óbitos registrados como de causa indeterminada.

A pesquisa analisou 131.562 casos de mortes violentas por causa indeterminada entre 2012 e 2022, identificando que 51.726 desses casos são provavelmente homicídios não registrados oficialmente.

Esses "homicídios ocultos" representam uma crescente discrepância entre o número de homicídios estimados e os registrados.

O Atlas da Violência 2024 também destaca que, em 2022, a taxa de homicídios registrada foi de 21,7 por 100 mil habitantes. Considerando os homicídios ocultos, essa taxa sobe para 24,5.

Comparativamente, em 2017, a diferença era de 1,8 ponto (31,8 registros contra 33,6 estimados).

A queda nos homicídios registrados entre 2012 e 2022 foi de 24,9%, enquanto a redução foi de 3,6% entre 2021 e 2022.

Entretanto, quando se consideram os homicídios estimados, as quedas são menores: 20,5% e 1,6%, respectivamente.

Essa discrepância é atribuída a problemas na análise de dados pelas autoridades estaduais e pelo Ministério da Saúde.

 

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