Cocaína nos tubarões: estudo encontra droga em animais da costa brasileira
Treze animais testaram positivo para a droga; ainda não se sabe quais os possíveis efeitos na reprodução dos tubarões, nem na saúde humana
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Espécie de tubarão brasileira foi encontrada na costa litorânea do Rio de Janeiro com grande concentração de cocaína em seu organismo.
Uma pesquisa liderada por Enrico Mendes Saggioro, ecotoxicólogo do Instituto Oswaldo Cruz, revelou descobertas preocupantes sobre a presença de cocaína em tubarões marinhos ao longo da costa do Rio de Janeiro.
A pesquisa identificou que 13 tubarões-bico-fino-brasileiro (Rhizoprionodon lalandii), conhecido também como cação-rola-rola, apresentaram níveis significativos da substância em seus tecidos musculares e hepáticos.
O estudo foi publicado na revista científica Science of the Total Environment.
Os resultados revelaram que 92% dos tubarões analisados testaram positivo para cocaína nos músculos, enquanto 23% apresentaram a droga no fígado.
Essa é a primeira documentação de cocaína em tubarões selvagens, destacando um potencial impacto ambiental significativo e até então desconhecido.
Segundo Saggioro, a estrutura biológica peculiar dos tubarões permite que absorvam substâncias solúveis na água, como a cocaína, seja diretamente da água contaminada ou através da ingestão de presas que já estão contaminadas.
Isso levanta preocupações sobre os possíveis efeitos na reprodução dos tubarões, além de potenciais mudanças comportamentais devido à alta concentração da substância.
De acordo com a pesquisa, os resultados indicam que a droga presente no corpo dos tubarões chegou lá por uma variedade de motivos.
Os principais: aumento do uso de cocaína no Brasil e falta de tratamento de esgoto adequado.
Os cientistas alertam para a necessidade de estudos adicionais para entender melhor os impactos dessa contaminação na vida marinha e, potencialmente, na saúde humana através da cadeia alimentar.
A pesquisa enfatiza a importância do monitoramento ambiental contínuo e a implementação de medidas para mitigar os riscos associados à presença de drogas de abuso no ecossistema marinho brasileiro.
O estudo conclui com a recomendação de uma expansão nos esforços de monitoramento ambiental para drogas de abuso ao longo da costa brasileira, além da investigação detalhada dos efeitos e riscos ambientais associados a essas substâncias.