Relatório preliminar de Caixa-preta: pilotos apontaram falha no sistema degelo do avião VoePass

No documento preliminar, divulgado pela Cenipa nesta sexta-feira (6), os pilotos relataram a falha no sistema de remoção do gelo acumulado no avião.

Publicado em 06/09/2024 às 20:19 | Atualizado em 10/09/2024 às 9:36

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Em um desdobramento importante sobre o trágico acidente aéreo envolvendo a VoePass, que deixou 62 vítimas, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) divulgou nesta sexta-feira (6/9) um relatório preliminar que oferece novos detalhes sobre as causas do desastre. O documento revela que a caixa-preta da aeronave registrou relatos dos pilotos sobre uma falha no sistema de degelo.

O sistema de degelo, essencial para garantir a segurança da aeronave em condições de gelo, foi acionado pelos pilotos cerca de três vezes durante o voo, e estava em funcionamento no momento da queda. De acordo com o Cenipa, as duas caixas-pretas do avião chegaram ao Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores em Brasília no último dia 10/8. As gravações de voz e dados de voo foram extraídas com sucesso no dia 13/8.

As caixas-pretas em questão incluem o Cockpit Voice Recorder (CVR), que grava as comunicações na cabine, e o Flight Data Recorder (FDR), que registra informações cruciais sobre o voo, como altitude e velocidade.

O relatório também destaca que os pilotos da VoePass possuíam treinamento específico para operar a aeronave em condições de gelo. No entanto, o Cenipa informou que a previsão meteorológica indicava condições severas de gelo no trajeto, e a aeronave estava autorizada a voar nessas condições.

Como e quando aconteceu o acidente?

O acidente ocorreu no dia 9 de agosto, quando o avião modelo ATR-72 da VoePass partiu de Cascavel (PR) às 11h46 com destino ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. O voo perdeu sustentação e colidiu com o solo em Vinhedo (SP) às 13h22. Imagens capturadas por moradores mostram a aeronave em um movimento denominado “parafuso chato” antes de atingir um condomínio residencial. Infelizmente, todas as 62 pessoas a bordo faleceram devido a politraumatismo.

A VoePass confirmou que a aeronave estava em condições operacionais adequadas no momento da decolagem, conforme verificado pelo Cenipa. A última revisão do avião ocorreu em 24 de junho e um “check diário” realizado no dia do acidente concluiu que a aeronave estava apta para voar.

O Cenipa continua a investigação para entender completamente as causas do acidente.

Resposta VoePass

Em resposta a equipe de reportagem da TV Jornal, a VoePass emitiu a seguinte nota. Leia na íntegra:

"A VOEPASS Linhas Aéreas reforça que está prestando todo o atendimento aos familiares das vítimas neste momento de profunda dor, para garantir que suas necessidades sejam atendidas.

O relatório preliminar divulgado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) confirma que a aeronave do voo 2283 estava com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) válido e com todos os sistemas requeridos em funcionamento.

Reforça também, como o relatório aponta, que ambos os pilotos estavam aptos para realizar o voo, com todas as certificações de pilotagem válidas e treinamentos atualizados.

Cabe lembrar que a investigação de um acidente aéreo é um processo complexo, que envolve múltiplos fatores e requer tempo para ser conduzida de forma adequada. Somente o relatório final do CENIPA poderá apontar, de forma conclusiva, as causas do ocorrido.

A VOEPASS atua em um setor altamente regulado e reforça que segue rigorosamente todos os protocolos que atestam a conformidade de toda sua frota, seguindo os padrões mais elevados da aviação internacional.

A empresa segue à disposição das autoridades para colaborar com as investigações e segue apoiando as famílias em suas necessidades.

A VOEPASS Linhas Aéreas destaca ainda que a segurança de seus passageiros e tripulação sempre foi e continuará sendo sua prioridade máxima."

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