"Armas de Gel não são consideradas brinquedos e podem ser perigosas", diz Inmetro
Os lançadores de gel surgiram no Brasil, no Rio de Janeiro e em São Paulo, mas se espalharam rapidamente pelo Brasil e virando febre entre os jovens
Clique aqui e escute a matéria
As armas de plástico que disparam bolinhas de gel se tornaram uma verdadeira febre nas periferias brasileiras, com o fenômeno tendo início principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Esses lançadores de gel, inicialmente considerados "brinquedos recreativos" disparam bolinhas de aproximadamente oito milímetros, que se desintegram ao atingir o alvo.
O fenômeno ganhou força com a ajuda de influenciadores digitais, que passaram a compartilhar vídeos usando os lançadores. Nas comunidades, os mais atingidos por essa onda foram adolescentes e crianças, que simulam batalhas de videogame com as armas.
Embora o fenômeno tenha se espalhado globalmente, as armas de gel não estão isentas de riscos. O uso inadequado do produto pode causar hematomas e até cegueira caso as bolinhas atinjam os olhos.
Armas de Gel são brinquedos?
Marcelo Monteiro, coordenador executivo do Inmetro, alertou em entrevista ao Fantástico que as armas de gel não devem ser consideradas brinquedos, pois são destinadas ao uso de adultos e não devem ser manipuladas por crianças.
Ele ressaltou que, ao contrário dos brinquedos tradicionais, essas armas não passam pelos rigorosos testes de segurança exigidos para produtos infantis.
O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) esclareceu que, de acordo com a Portaria Inmetro nº 302, de 2021, as réplicas de armas que disparam projéteis de gel não são classificadas como brinquedos.
A regulamentação estabelece que brinquedos são produtos destinados a crianças menores de 14 anos. Assim, itens que não atendem a essa definição não podem ser comercializados como "brinquedos", tampouco ostentar o Selo de Identificação da Conformidade do Inmetro.
Falta de regulamentação e os riscos
Na reportagem do Fantástico, a tenente-coronel Cláudia Morais, porta-voz da PM do Rio de Janeiro, alerta sobre os perigos das réplicas de armas, destacando os riscos que elas representam para a segurança pública: "Imagine um cidadão andando pela rua à noite e, de repente, vê um grupo de pessoas correndo, com uniformes, simulando uma batalha de gel. É difícil identificar se aquilo é real ou não. Para um policial, a situação é ainda mais delicada." Ela salienta o risco de incidentes fatais, caso uma arma falsa seja confundida com uma real.
Em São Paulo, já ocorreram episódios relacionados a essas armas. No final de setembro, no Complexo da Maré, um grupo de jovens assustou um motorista de caminhão de limpeza urbana ao subir na caçamba e correr ao redor do veículo.
A falta de regulamentação específica sobre as armas de gel também é um ponto crítico. A ausência de uma legislação clara pode facilitar o contrabando e aumenta o risco de confusão, em que uma arma de gel possa ser interpretada como uma verdadeira arma de fogo.