Especialista do HC-UFPE alerta para os riscos do sexo químico e dá dicas de saúde para os dias de folia
Prevenção de ISTs e doenças respiratórias são alguns dos cuidados essenciais para aproveitar a festa sem dor de cabeça. Veja dicas dos especialistas
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Para muitos, o Carnaval é sinônimo de diversão, paquera e liberdade, mas é fundamental manter a saúde em primeiro lugar, principalmente em um evento que reúne milhões de pessoas em todo o Brasil.
Para garantir uma folia segura, um especialista do Hospital das Clínicas da UFPE, unidade vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), compartilha dicas simples e eficazes para cuidar do corpo e da mente durante os dias de festa.
Um comportamento que tem se tornado comum entre os jovens é o “chemsex” (ou sexo químico), prática que envolve o uso de substâncias psicoativas durante o ato sexual com o objetivo de intensificar a desinibição ou o prazer. Embora o termo tenha surgido nos anos 2000 em Londres, o sexo químico tem se popularizado no Brasil, especialmente após a pandemia de Covid-19.
O uso combinado de drogas, tanto antes quanto durante o sexo, representa um risco significativo à saúde pública, já que aumenta as chances de contaminação por HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), além de colocar em risco a saúde dos indivíduos.
De acordo com Paulo Sérgio Ramos, chefe da Assistência em Infectologia do HC, “em Pernambuco, as substâncias psicoativas mais associadas a essas práticas sexuais são as bebidas alcoólicas e a cannabis (maconha), devido ao seu baixo custo e maior aceitação social”.
Quando o foco é o grupo de homens que fazem sexo com homens (HSH), observa-se o crescente uso de substâncias como cocaína, Ecstasy (metanfetamina) e LSD, que buscam aumentar a excitação, a libido e proporcionar relaxamento durante as relações sexuais.
Os riscos imediatos do sexo químico envolvem a transgressão das práticas de sexo seguro, como o uso de preservativos e profilaxia pré-exposição ao HIV, além de problemas relacionados ao abuso de substâncias, que podem causar toxicidade nos órgãos vitais, como coração, fígado e rins, com risco até de morte súbita por overdose.
A médio e longo prazo, o uso contínuo pode levar a sérios danos à saúde física e mental, incluindo a dependência química.
Para prevenir esses riscos, a principal medida é a comunicação clara e assertiva.
“É essencial não normalizar o uso de substâncias psicoativas e, ao mesmo tempo, promover um diálogo aberto sobre os perigos de cada droga e os efeitos combinados quando usadas em conjunto. Devemos também incentivar o uso de estratégias multimodais de prevenção de ISTs, como o uso de preservativos, profilaxia pré e pós-exposição ao HIV (PrEP e PEP), além da vacinação contra hepatite B e HPV”, orienta o especialista.
Caso alguém se envolva em práticas de sexo químico, é fundamental buscar atendimento em unidades de saúde especializadas, como serviços de referência para HIV/aids ou unidades de pronto atendimento (UPA), onde podem receber a profilaxia para HIV e tratamentos para possíveis uretrites ou proctites.
Cuidados com Doenças Respiratórias
Além das recomendações sobre prevenção de ISTs, o infectologista alerta para os cuidados com doenças respiratórias, como gripe e Covid-19, que podem ser mais facilmente transmitidas durante as grandes aglomerações do Carnaval.
O risco de contágio aumenta em locais fechados e mal ventilados, como camarotes e casas de festas, e nas interações próximas durante os blocos, shows e desfiles.
“Pessoas vulneráveis, como idosos, portadores de doenças cardiopulmonares ou em tratamento imunossupressor, devem evitar aglomerações”, orienta o médico. Ele também destaca a importância de higienizar as mãos frequentemente e evitar o contato com outras pessoas caso apresente sintomas gripais. A vacinação contra Covid-19 e gripe é uma medida essencial para fortalecer o sistema imunológico e proteger-se contra os vírus durante a folia.
Com essas orientações, é possível aproveitar o Carnaval com saúde e segurança, garantindo diversão sem comprometer o bem-estar.