Trabalhador morre soterrado em obra da Compesa em Itamaracá
Edmilson Cazer do Nascimento tinha 53 anos e morreu enquanto trabalhava dentro de um buraco com água e areia. Caso ocorreu no bairro de Jaguaribe.

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Um funcionário de uma empresa terceirizada da Compesa morreu soterrado enquanto trabalhava em uma obra na Ilha de Itamaracá, no Grande Recife. Edmilson Cazer do Nascimento, de 53 anos, havia entrado em um buraco coberto com água para fazer reparos na rede de abastecimento da rua José Mathias Cruz, no bairro de Jaguaribe.
O caso aconteceu no início da tarde do último sábado (24). Segundo testemunhas, moradores tentaram puxar o homem usando uma corda que foi amarrada nas mãos dele, mas não conseguiram fazer o resgate porque a lama teria criado uma espécie de "areia movediça", que sugou o corpo da vítima para o fundo.
O Corpo de Bombeiros de Pernambuco informou que foi acionado para uma ocorrência de soterramento, mas ao chegar no local, o Samu já havia constatado o óbito do trabalhador.
Duas viaturas de salvamento atuaram no resgate ao corpo de dentro do buraco. Foram utilizadas pranchas e retroescavadeiras para escoar o terreno e garantir a segurança da operação de retirada do corpo, que foi levado para o Instituto de Medicina Legal (IML). A Polícia Civil está investigando o caso por meio da Delegacia de Paulista.
Edmilson Cazer do Nascimento, de 53 anos, morreu trabalhando em buraco numa obra da Compesa em Itamaracá - Cortesia
De acordo com a filha de Edmilson, Mayara Santos, ele tinha mais de 30 anos de experiência como encanador e trabalhava na empresa há cerca de três anos. Ele deixou esposa, dois filhos e duas netas.
Mayara denunciou que o pai era submetido a trabalhos sem a oferta de equipamentos de segurança por parte da empresa terceirizada, e que ele já teria passado por um acidente no mês de abril, na cidade de Goiana. Ela narrou que, na época, o pai recebeu ordem para executar um reparo embaixo de um poste, que veio a cair em cima de uma casa.
"Quando alguém trabalha em altura, tem aquele cinto de segurança, porque se cair fica suspenso. Se é alguém que vai descer, também deveria ter aquele cinto, para caso acontecesse alguma coisa ter como fazer um socorro de imediato. A empresa era ciente dos riscos que os funcionários corriam. Ao lado do meu pai deveria ter no mínimo um técnico de segurança para analisar se dava ou não para fazer o serviço sem um apoio maior, mas não tinha isso na empresa", desabafou a filha da vítima.
Mayara informou que a Compesa entrou em contato se comprometendo a custear o sepultamento de Edmilson, e também se colocou à disposição para outros suportes necessários.
O que diz a Compesa
Em nota, a Compesa lamentou a morte de Edmilson e informou que ele prestava serviços por meio de uma empresa terceirizada. "Desde a ocorrência, a Compesa tem prestado solidariedade e apoio à família do funcionário por meio de uma assistente social. De maneira semelhante, a empresa terceirizada também está prestando toda a assistência necessária aos familiares", diz a nota.
"A Compesa informa que já solicitou a abertura de uma sindicância para apurar as circunstâncias do acidente junto à empresa contratada. Técnicos da Companhia já foram mobilizadas para essa investigação, sendo concedido um prazo de cinco dias para que a contratada preste os esclarecimentos sobre o acidente. A Compesa também aguardará o resultado da perícia e investigação policial para adotar complementarmente o posicionamento com relação ao tema e as causas do acidente", completa o comunicado.
A reportagem busca contato com a empresa terceirizada para qual Edmilson trabalhava.