Mãe relata que bebê recebeu medicação por 28 dias após resultado falso positivo para HIV

O teste foi realizado pelo PCS Lab Saleme, responsável por resultados incorretos que infectaram pelo menos seis pacientes transplantados com HIV no RJ

Publicado em 15/10/2024 às 9:27

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Nesta segunda-feira (14), o PCS Lab Saleme, apontado como responsável por testes incorretos que resultaram na infecção de pelo menos seis pacientes transplantados com HIV no Rio de Janeiro, foi alvo de uma nova denúncia.

Tatiane Andrade, dona de casa e residente em Nova Iguaçu, relata que um teste equivocado do laboratório indicou que sua filha recém-nascida deveria receber tratamento antirretroviral por 28 dias, após apresentar resultado reagente para HIV.

Segundo Tatiane, o bebê, que atualmente tem um ano e nasceu prematura aos sete meses, precisou iniciar o coquetel de medicamentos imediatamente após o parto para impedir a multiplicação do vírus, que, na verdade, nunca esteve presente.

Tatiane, de 30 anos, foi medicada para secar o leite e não conseguiu amamentar a filha, temendo uma possível infecção.

Além disso, ela enfrentou transtorno de estresse pós-traumático ao acreditar que havia contraído o vírus, uma situação que ainda a afeta emocionalmente.

O parto ocorreu na maternidade particular NeoMater, em setembro de 2023, onde Tatiane fez um teste de HIV. O resultado foi positivo, e o laudo foi assinado por Walter Vieira, um dos sócios do PCS, que já foi preso na Operação Verum por falsificar laudos de doadores de órgãos infectados.

Tatiane estava reunindo documentos para processar a maternidade e o laboratório, mas decidiu registrar o caso na polícia após tomar conhecimento das infecções entre transplantados. O boletim de ocorrência foi feito na 56ª DP (Comendador Soares).

Um Mês de Angústia

Depois de receber o resultado positivo, Tatiane fez um novo teste na maternidade para confirmar o diagnóstico, mas não obteve retorno.

Com isso, procurou outro laboratório. Ela relata que sofreu por quase 30 dias até conseguir esclarecer a situação e comprovar que tanto ela quanto o marido estavam livres do HIV. Um novo teste, realizado em 10 de outubro, deu negativo para ambos.

Após receber o resultado negativo, Tatiane voltou à maternidade em busca do resultado que nunca lhe foi entregue. Ela afirma que a maternidade e o laboratório se culpavam mutuamente pela falta de informação.

A NeoMater se manifestou, informando que, por questões de sigilo, não pode comentar o caso, mas afirma que todos os esclarecimentos foram fornecidos à paciente.

O PCS Lab Saleme, por sua vez, alega que o resultado do terceiro teste estava disponível desde 29/09/23 e foi acessado pela maternidade na mesma data.

O laboratório também afirma que a responsabilidade pela comunicação dos resultados é do hospital, mas não comentou sobre o erro do exame. A defesa de Walter Vieira declarou que não tinha conhecimento do caso e que realizará uma investigação.

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