Doação de sangue: mitos e verdades sobre esse ato que salva vidas
A doação de sangue é um gesto simples que salva milhões de vidas. No entanto, muitos mitos e dúvidas ainda cercam esse ato de solidariedade
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Desde a pandemia de COVID-19, o número de doações de sangue no Brasil sofreu uma queda significativa.
A demanda, no entanto, permanece alta, devido a casos de câncer, bebês prematuros, gestantes com complicações no parto, pacientes crônicos e pessoas com anemia falciforme, entre outros.
O sangue doado é o único recurso disponível para atender a essas necessidades.
Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 3,2 milhões de brasileiros necessitam de transfusões de sangue todos os anos.
Contudo, apenas 1,4% da população doa sangue regularmente, um índice ainda abaixo dos 2% recomendados pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).
De acordo com uma pesquisa global conduzida pela Abbott em 2021, apenas 21% dos doadores regulares mantiveram suas doações durante a pandemia.
Essa interrupção ocorreu principalmente devido a medos infundados ou falta de informação.
Na verdade, a doação só deve ser adiada temporariamente em situações específicas, como contato com infectados ou recuperação recente da COVID-19.
O estudo revelou que 19% dos brasileiros entrevistados são doadores regulares, com maior prevalência entre homens de 25 a 34 anos, de classe média a alta, com ensino superior e renda fixa.
Já os doadores ocasionais representam 13% do total, indicando um grande potencial a ser explorado.
Por Que Doar Sangue?
Doar sangue é rápido, simples e totalmente seguro.
O uso de materiais descartáveis elimina qualquer risco de contaminação, e os hemocentros garantem que todos os voluntários passem por uma triagem para avaliar suas condições de saúde.
Homens podem doar até quatro vezes ao ano, e mulheres, três vezes. Isso porque, segundo Guillermo Orjuela, Diretor Médico da Abbott para a América Latina e Canadá, “a reposição dos estoques de ferro é mais lenta nas mulheres devido às perdas durante os ciclos menstruais”.
Esclarecendo os Mitos
"Doar sangue pode causar doenças."
Falso. O organismo repõe o volume sanguíneo em 48 horas, e os glóbulos vermelhos, em até oito semanas. Hidratação e descanso são as únicas recomendações.
"Quem toma medicamentos não pode doar."
Depende. Algumas medicações, como anticoagulantes e certos tratamentos de acne, podem exigir uma pausa temporária antes da doação. Consulte um médico ou o hemocentro para orientações.
"Pressão alta ou colesterol elevado impede a doação."
Nem sempre. Doadores com pressão arterial controlada ou colesterol alto podem ser elegíveis. Consulte o hemocentro para verificar sua situação específica.
"Viajar pode desqualificar um doador."
Às vezes. Viagens recentes a regiões com surtos de doenças como malária ou zika podem demandar um período de espera antes de doar.
"Tive COVID-19 e não posso doar."
Falso. Após a recuperação completa, o intervalo necessário é de 30 dias. Contatos próximos devem aguardar 14 dias.
Como Funciona a Doação?
Antes da Doação
- Esteja bem alimentado e descansado.
- Evite alimentos gordurosos nas 4 horas que antecedem a coleta.
- Leve um documento oficial com foto.
O Processo de Doação
- Cadastro e triagem: São coletadas informações básicas e feita uma avaliação de saúde.
- Doação: A coleta é simples, dura entre 10 e 60 minutos e é supervisionada por profissionais qualificados.
- Recuperação: Após a coleta, descanse por 10 a 15 minutos e aproveite o lanche oferecido pelos bancos de sangue.
Depois da Doação
- Hidrate-se bem e evite atividades físicas intensas no mesmo dia.
- Mantenha uma alimentação equilibrada para ajudar na reposição dos componentes do sangue.