Chuvas intensas, ventos fortes, alagamentos e falta de energia castigam cidades
Uma frente fria atinge o Brasil nesta semana, trazendo chuvas fortes para pelo menos 23 estados e gerando alertas de alagamentos e deslizamentos
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Uma frente fria que chegou ao Brasil nesta semana continua causando transtornos em pelo menos 23 estados, com chuvas fortes, alagamentos e deslizamentos de terra.
No litoral paulista, as precipitações já deixaram centenas de desabrigados, evidenciando a fragilidade das redes aéreas de distribuição elétrica.
Especialistas e parlamentares têm reforçado a necessidade urgente de modernizar a infraestrutura para enfrentar as crises climáticas cada vez mais frequentes.
Alertas em várias regiões
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) alertou para chuvas persistentes nas regiões Centro-Oeste, Norte, Nordeste e Sudeste, com riscos elevados em áreas do litoral sul do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná.
Nesses locais, foi emitido um alerta laranja indicando "perigo", com precipitações que podem atingir até 100 mm por dia, acompanhadas de alagamentos e deslizamentos.
Outras áreas, como o norte de Santa Catarina, estão sob alerta amarelo de "Perigo Potencial", com riscos de pequenos alagamentos e deslizamentos.
Estados como Rio de Janeiro, Maranhão, Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Piauí e Tocantins também enfrentam chuvas intensas, ventos fortes e possíveis interrupções no fornecimento de energia elétrica.
Impactos na população
A crise climática tem efeitos graves e diretos na vida cotidiana, como ressaltou o deputado federal Marcelo Crivella:
“O impacto das chuvas vai muito além dos transtornos imediatos. Estamos falando de perdas de alimentos em geladeiras devido à falta de energia, pessoas presas em elevadores por conta de apagões, alagamentos que deixam famílias ilhadas e comprometem a mobilidade urbana, prejuízos no comércio que dependem de refrigeração para manter estoques e até interrupções em serviços essenciais, como hospitais e transporte público. O sistema aéreo de distribuição elétrica tem mostrado cada vez mais a sua vulnerabilidade diante das adversidades climáticas, expondo a necessidade urgente de modernização e resiliência da nossa infraestrutura elétrica.”
Redes subterrâneas: uma solução urgente
Apenas uma fração mínima da rede elétrica brasileira é subterrânea, com menos de 1% do total. São Paulo, por exemplo, possui 60 quilômetros de cabos aterrados, enquanto cidades como Rio de Janeiro e Belo Horizonte têm 11% e 2%, respectivamente.
Em contraste, cidades internacionais como Londres e Paris começaram a enterrar suas redes no século XIX, e Nova York já conta com 71% da sua infraestrutura elétrica no subsolo.
Embora o custo de implementação no Brasil seja elevado, estimado em R$ 20 bilhões apenas para o centro de São Paulo, Crivella argumenta que os benefícios superam os gastos iniciais.
“Além de evitar apagões, o sistema subterrâneo reduz furtos de energia e cabos, melhora a segurança pública e gera economia a longo prazo”, explicou Crivella.
Ele também relembrou o Projeto de Lei nº 37/2011, que visava obrigar concessionárias a substituir redes aéreas por subterrâneas em cidades com mais de 100 mil habitantes. Arquivado na época, Crivella lamentou:
“Se tivesse sido aprovado, hoje contaríamos com uma rede mais segura e eficiente.”
Um futuro mais seguro e moderno
A crescente frequência de tempestades associada às mudanças climáticas reforça a necessidade de modernização da infraestrutura elétrica no Brasil.
Especialistas defendem uma rede de distribuição à prova das adversidades climáticas, que garanta estabilidade e segurança.
A discussão sobre redes subterrâneas segue ganhando espaço, mobilizando gestores públicos, concessionárias e sociedade civil para construir uma infraestrutura energética moderna, resiliente e à altura dos desafios climáticos do século XXI.